Putin até se pode disfarçar de democrata, afinal, dá-se a desculpa já que estamos em tempo de Carnaval; mas, tiques de tiranete com medo não lhe faltam. Agora o problema é com a imprensa estrangeira... Queira ou não, nas eleições do próximo fim de semana o tiranete sairá como um autoritário enfraquecido.
Segundo a última "grande sondagem" antes da Presidenciais Russas a 4 de Março, Putin vencerá à primeira volta com cerca de 66% dos votos. Há três dias uma outra sondagem dava apenas 47% dos votos à Rússia Unida, facto que levaria Putin a uma segunda volta, vencendo aí com 53% dos votos.
De facto, e, também na Rússia, as empresas de sondagens são instrumentos de fácil uso e manipulação pré-eleitoral, sendo os seus resultados ditados ao sabor de quem as financia. Com resultados tão díspares entre sondagens de empresas distintas com apenas 3 dias de diferença, diríamos certamente que por lá, são mais descaradas do que por cá.
Falta pouco mais de uma semana para as Presidenciais russas.
Ora, estando nós a falar em eleições, poderíamos apostar num vencedor, mas, há meses que já se sabe que Putin voltará a sentar-se no Kremlin. Não serão portanto os resultados formais (ou, se preferirem, oficiais), uma novidade nem para os russos, e, tão pouco para a comunidade internacional.
Primeiro diz que não fará campanha porque não precisa, já que sairá vencedor no dia 4 de Março. Depois aposta em publicar propaganda ao estilo soviético, e agora, surge em comícios que mais fazem lembrar os tempos da Guerra Fria.
Vladimir Putin, (esse grande ex-KGB), é a personificação da farsa que é a democracia russa. É a assunção do estilo soviético mais que populista, anti-ocidente, pró-bélico, e ultra-nacionalista. Vladimir Putin, é o rosto de um país falhado no que à Democracia diz respeito.
Em Dezembro último, aquando das últimas eleições para a Duma, estava em Moscovo e assisti in loco, aos métodos que Putin usa para calar quem não está consigo. Desde prender jornalistas sem motivo legal aparente, a espancar pessoas que se manifestam pacificamente, ou, a aterrorizar bloggers críticos do Rússia Unida (partido do qual é líder).
Nessa mesma altura, acabei por conhecer uma austríaca da OSCE, que estava em Moscovo como observadora internacional das eleições legislativas e, não fora para meu espanto quando ela me diz que, sem qualquer vergonha ou pudor, havia “contadores de votos” com instruções claras para pôr boletins de voto na urna em nome dos eleitores mortos nos últimos 18 meses. Uma fraude eleitoral e uma vergonha patrocinada por Putin.
Agora o método repete-se. O estilo esse, já é velho na política: populista, apaixonado sem conteúdo algum, demagógico, e quase a “puxar à lágrima”.
Em boa verdade, os russos nunca conheceram outro regime que não o do culto ao czar, ao “grande líder”, ao Presidente; e, por isso, vivem numa alegoria da caverna em relação ao que é a real e verdadeira Democracia. Muitos dizem que não há alternativa a Putin. Não duvido, mas aí a culpa é dos eleitores russos: como é que se pode reclamar por Democracia quando os partidos mais votados, e que representam quase ¾ dos votos das últimas legislativas, sejam o partido de Putin, o Partido Comunista e o Partido Nacionalista?!
Aos olhos de um europeu estes resultados parecem uma anedota mas, e apesar de Putin, arrisco-me a dizer que os russos não escolhem, limitam-se a comer aquilo que lhes servem sem uma verdadeira indignação nacional.
. Sobre a Rússia e a sua “d...