Marinho Pinto continua a vender entrevistas atrás de entrevistas, numa tentativa ensurdecedora de se manter nas manchetes dos jornais.
O discurso deste senhor faz-me sempre lembrar aquele ancestral ditado chinês que diz: “só recorre aos gritos quem não consegue triunfar pela razão”. De facto, Marinho Pinto é aquele típico utilitarista que nunca leu Bentham: usa-se do lugar de destaque público que ocupa para fins fúteis, vaidosos, e políticos. Marinho Pinto, assuma-se de vez como candidato presidencial e deixe de usar a Ordem dos Advogados, e os estudantes de Direito como bodes expiatórios para as suas motivações políticas. Ora, é esta a busílis da questão: o que é que move Marinho Pinto? Os supostos corruptos que nunca foram julgados? As supostas Faculdades de Direito que alegadamente vendem os cursos? Claro que não! Aquilo que move este senhor é a sua fome de poder e de protagonismo, e a vontade descontrolada em ir viver para Belém.
Contudo, vale a pena ainda voltar aos repetitivos argumentos daquele que se diz Bastonário da OA.
Na última entrevista que Marinho Pinto deu à RR, voltou a afirmar que a qualidade do ensino do Direito é péssima e que isso é da inteira responsabilidade das Faculdades de Direito, e do Estado que se demitiu de as regular. Pergunto: qual é a legitimidade (jurídica) para Marinho Pinto avaliar quem sabe ou não de Direito? Terá o Estado delegado essa competência, em plano de igualdade com as Universidades? Porque é que a OA avalia supostos conhecimentos que não ministrou nos cursos de Estágio? Como é que é possível que alguns correctores de exames da OA se tenham recusado a corrigir os ditos exames por não os saberem resolver?
Marinho Pinto, retenha isto: o mercado, como em qualquer profissão liberal, decide que sabe ou não de Direito, não o senhor!
Num ponto da discussão Marinho Pinto até tem alguma razão: as Faculdades de Direito estão pedagogicamente obsoletas e pouco adaptadas às novas realidades, e às novas exigências das profissões jurídicas, como a de Advogado, por exemplo. No entanto, a mudança que este senhor propõe é a de um retrocesso aos anos em que o dito cujo tirou o curso, e que, segundo consta, não era muito disciplinado.
Uma última inquietação: €1500 por estagiário, pelo curso ministrado pela OA?! E vai aumentar porque “não dá conta das despesas”?! Porque é que não mostra (realmente!) quanto é que o curso custa por estagiário?! Não estarão os estagiários a ser usados como um meio de financiamento para continuar a alimentar as loucuras deste senhor?!
A opinião pública é facilmente manipulável. Para detectar a demagogia e o populismo é preciso estar bem por dentro das matérias e, convenhamos, todos somos de alguma forma afectados pelo discurso fácil.
Marinho Pinto é um grande jornalista. Sabe o que afirmar e como o dizer para aparecer na manchete do dia seguinte. É abrutalhado e mal educado: diz tudo o que tem a dizer sem se preocupar com as consequências. A frontalidade fica-lhe bem, pena ser só de fachada! Já a falta de educação... não há fachada que a desculpe.
Fico espantado com a facilidade com que o discurso dele passa para as pessoas e a como que lhe dão razão. Esclarecendo: estudo Direito. O meu curso não é de três anos, mas sim de quatro. Ninguém nos oferece nada, nem notas, nem canudos. A culpa não é dos alunos. Quanto muito é dos professores. A maioria deles são da geração de Marinho Pinto. Com certeza alguns foram colegas dele em Coimbra. Mas é mais fácil culpar os alunos. E fazer exames que advogados com mais de vinte anos de prática se recusam a corrigir porque não o saberiam resolver.
Mais, este exame em que quase 60% dos advogados estagiários chumbaram não é feito logo após a sua saída da Faculdade, estamos a falar de advogados estagiários com mais de 2 anos de prática, com um Patrono, e após aulas administradas pela Ordem. Neste exame não está a ser posta à prova os conhecimentos adquiridos na licenciatura mas sim os do estágio. Marinho Pinto tanto poderia dizer que a culpa é da Universidade como da escola primária!
Marinho Pinto ainda não se apercebeu das consequência futuras da sua campanha difamatória. Os advogados, juízes e magistrados do futuro somos nós. A doutrina será escrita por Professores que estão agora a fazer o curso. A jurisprudência por juízes que entraram agora na Faculdade. Daqui a vinte anos o Dr. Marinho Pinto vai ser, certamente, acusado de difamação. Vai ser julgado pelos juízes que criticou e defendido por algum advogado saído desses cursos em que oferecem canudos... A Justiça portuguesa é descredibilizada todos os dias. Marinho Pinto está a dar a estocada final. Não critica as falhas de hoje, inventa as falhas de amanhã. E como temos um país de velhos do Restelo o futuro da Justiça já está ferido de morte. Agradeçam ao Bastonário da Ordem dos Advogados.
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