A semana passada foi rica em acontecimentos muito preocupantes: o peso real da extrema-direita na Holanda, e o aumento do peso eleitoral da extrema-direita em França.
Ora, pensarmos que em 2012, (mais de meio século depois, do fim da 2ª Guerra Mundial), ainda há uns quantos tipos, (daqueles que rezam diariamente pela “alma” do “senhor do bigode”), que fazem cair governos, ou que representam cerca de um quinto da vontade eleitoral dos franceses, é algo preocupante e assustador.
O fantasma adormecido acordou, e a Europa não tem uma resposta de combate a estes fenómenos.
Pior, no próximo dia 6 de Maio, a Grécia vai a votos, e prevê-se que, somados, os partidos populistas ultra-nacionalistas dos extremos políticos, representem 60% da vontade dos gregos. Ora, ninguém acredita naturalmente que os gregos queiram ser governados por loucos histéricos de bigode. Pergunto, porque é que então, por toda a Europa, o papel real da extrema-direita tem crescido desta maneira?
A resposta é simples: os partidos ditos moderados, sejam eles conservadores, socialistas, sociais democratas ou democratas-cristãos, estão de tal forma absorvidos por uma agenda que poucos sabem explicar, que deixam esse papel para os partidos dos extremos.
Estes partidos dão voz, explorando, e usando os problemas reais das pessoas de forma utilitária e em proveito partidário. E é isto que os partidos moderados europeístas têm que combater: a distância cada vez maior que têm com as pessoas, que têm com o eleitorado.
De João a 30 de Abril de 2012 às 23:15
Parece que este artigo foi escrito por um esquerdista.
Caro João,
Associar-me a qualquer tipo de "esquerdismo" é o mesmo que afirmar que o Professor Cavaco Silva tem cultura política...
Digamos que não sabe o que é a "esquerda" (histórica, social e politicamente), por isso confunde a minha crítica (implícita) à extrema-direita com o "esquerdismo".
Uma nota de almanaque: grande parte do eleitorado que votou na senhora Marine Le Pen, fora outrora, eleitorado do Partido Comunista Francês.
Curioso como a extrema-direita e o "esquerdismo" facilmente se tocam...
Finalmente, "rótulos" desta ou doutra natureza, são algo "que não me assiste".
Um abraço,
GDC
De
JFC a 1 de Maio de 2012 às 02:51
é assustadoramente fácil encontrar pessoas que encontram numa critica ao fascismo laivos de esquerdismo. Este discurso cada vez mais polarizado de que falas é exactamente o cerne da questão: sem soluções à vista as pessoas tendem a votar em discurso cujo argumentos são muito fáceis e extremamente sedutores. O meu voto em França seria para o Hollande (sei que é impossível concordares comigo nesta), porque considero o Sarkosy um perigoso demagogo.
Concordo contigo quando dizes que o Sarkosy é um "perigoso demagogo", mas não poderia votar num candidato que parece que está completamente fora da realidade, quando propõe reduzir a idade da reforma, manter o horário laboral semanal como o mais baixo da UE, ou ainda, contratar mais de 60 mil professores para a Função Pública... ou é louco, ou não tem noção alguma, ou pior, sabe que não pode fazer cumprir nada disto, e, mesmo assim, mente deliberadamente quando faz estas promessas impossíveis de cumprir.
De
JFC a 1 de Maio de 2012 às 18:48
é verdade, daí a enorme dificuldade que teria em votar em França. Porvavelmente em cima da hora, o instinto superava a razão e votaria Hollande. Mas não sei mesmo...
Comentar post