Em crónicas anteriores, certamente já perceberam que sou, por natureza, um crítico permanente e atento às “classes políticas” em geral, e à classe política portuguesa em particular.
Hoje, na ressaca da votação da AR à proposta de lei do BE relativa à adopção por casais homossexuais, escrevo em defesa do deputado do CDS-PP, Adolfo Mesquita Nunes, o qual votou a favor da dita proposta de lei. Faço-o sobretudo por uma questão de honestidade intelectual: não quanto à matéria de facto em si (deixarei para outro momento), mas, quanto à coerência do seu voto.
Não têm faltado vozes inquisitórias dentro do CDS-PP quanto ao voto do ADM. Ora, para aqueles que apontam incoerência nas suas posições, eu chamo coragem; para aqueles que o acusam de se sentar na bancada errada, eu chamo acto de liberdade.
Impor disciplina de voto nestas matérias seria uma escandalosa violação da liberdade de consciência, assemelhando-se apenas às ditaduras do voto, típicas das bancadas comunistas.
Mais, todos estes velhos do Restelo, estes militantes e dirigentes de confessionário, estas beatas de primeira fila, são os primeiros a (re)lembrar o acervo ideológico do dito partido. Pergunto portanto: será que alguns destes já leram alguma referência filosófica conservadora, democrata-cristã ou liberal? Certamente que não.
O curioso deste falso seguidismo ideológico, é que parece apenas incomodar aqueles que se dizem a “maioria”, já que, pelo menos, aparentemente o deputado AMN não parece incomodado por ser o único “lá no meio”, ou seja, nunca o ouvi insurgir-se ou sequer criticar aqueles que não aderem às suas posições.
Aqueles que agora “pedem a sua cabeça”, por ter agido de acordo com a sua consciência, esquecem-se que o deputado AMN (como qualquer outro) fora sufragado partidariamente, e, segundo sei, nem uma ponta de crítica houve. Ora, este é certamente um problema de estilo e, sobretudo de entendimento daquilo que é e deve ser a coerência ideológica de um político.
Mais, o deputado AMN é o único da bancada parlamentar do CDS-PP, que, dizendo-se liberal, é coerente e consequente com isso. Isto é, outros há na dita bancada, que, dizendo-se ou fingindo-se de liberais, na hora de votar preferem afrontar as suas consciências a afrontar o status quo mais que instalado. Possivelmente, está na hora de nascer um espaço de tipo partidário liberal em Portugal, para que políticos como o Adolfo Mesquita Nunes não sejam queimados vivos pelas “santas inquisições”.
. A web de hoje e a web de ...
. Para quando o capitalismo...
. Para que a Democracia não...
. Mais uma falácia da democ...
. O verdadeiro Serviço Públ...